O
comunicado através do qual o Real Madrid anunciou formalmente que Iker
Casillas, "o maior guarda-redes da nossa história", estava a deixar o
clube para ingressar no FC Porto surgiu precisamente (ao minuto) cinco anos
após ele a Espanha terem começado o prolongamento frente à Holanda que daria o
título mundial ao país vizinho.
Trata-se
de uma notável ironia do destino, mas, ainda assim, típica de "San
Iker". Para além de todos os troféus que conquistou e para além de todo o
seu inegável talento, Casillas é um daqueles desportistas a quem as coisas
teimam invariavelmente em "acontecer". Desde esquecer-se de registar
o boletim de apostas dos seus pais num dia em que teriam ganho uma boa quantia
de dinheiro, até irem buscá-lo a uma aula para viajar até à Noruega e ser, com
16 anos, o guarda-redes suplente do Real Madrid num encontro da UEFA Champions
League frente ao Rosenborg, há qualquer coisa de magnético neste indivíduo que
atrai "acontecimentos".
Quando
não era a primeira opção para a baliza da Espanha, o seu rival nessa altura,
Santiago Cañizares deixou cair a garrafa de "after-shave" e
cortou-se, ferindo-se com a gravidade suficiente para ficar de fora do Mundial
2002, na Coreia/Japão, deixando o caminho aberto para Casillas poder tornar-se
no titular indiscutível da baliza da "Roja".
Depois,
quando este "Madridista" dos quatro costados descobriu o seu
alter-ego futebolístico, teve que ser um igualmente talentoso catalão e
igualmente fanático "culé", Xavi. A admiração era mútua e a amizade
retribuída em igual quantidade, dado tudo porque passaram nas selecções
espanholas, mesmo sendo cada um a bandeira maior do rival.
Quando
perdeu a titularidade pela primeira vez na carreira, por Vicente Del Bosque, em
2002, foi precisamente para se sentar no banco na final da UEFA Champions
League disputada no mítico Hampden Park, em Glasgow, frente ao Bayer Leverkusen.
A baliza seria entregue a Cesar. Mas, como já se viu, falamos de Casillas. A
sua carreira mostra que não é apenas ele que influencia os grandes
acontecimentos na sua vida desportiva… As coisas parecem acontecer-lhe, sem
que, no entanto, faça grande esforço por isso.
A
final de 2002 estava no seu possível ponto de viragem: O Real Madrid estava em
vantagem, por 2-1, mas o Bayer Leverkusen parecia cada vez mais forte e
pressionava fortemente à procura de um empate e os madrilenos, mais velhos e
experientes e com mais jogos nas pernas, começaram a vacilar fisicamente. E eis,
então, que Cesar se lesionou.
Parecia mal-preparado para entrar em campo e logo para o jogo mais importante do
calendário clubístico internacional. Em face disto, pairava no ar a sensação que,
mais tarde ou mais cedo, o Bayer Leverkusen empataria e levaria a decisão para o
prolongamento e, eventualmente, para as grandes penalidades. Ao invés,
Casillas, então com 20 anos, conquistou a sua segunda medalha de vencedor da
UEFA Champions League com um conjunto de defesas miraculosas (com particular
destaque para uma com os pés, a remate de Dimitar Berbatov a menos de um metro
da baliza).
A partir dessa altura, tornou-se numa das figuras mais
reverenciadas do Real Madrid, estatuto que manterá até ao final dos seus dias,
dada a longevidade e sucesso da carreira ao mais alto nível. Mas
mesmo que Cesar não se tivesse lesionado… as coisas continuariam a acontecer a
Casillas. E acredito ser por razões como esta que existe muita gente que não
gosta dele e que há um tom generalizado de "subvalorização" em seu
redor, mas que apenas ganhou a luz do dia apoiada pela decisão de Mourinho em
conceder a titularidade a Diego López.
A
sua alcunha, "San Iker", surgiu após darem conta que salvou clube e
selecção com mini-milagres praticamente a cada jogo (sim, houve uma época em
que o Real Madrid foi a equipa que mais remates sofreu em direcção às suas
redes). No entanto, o uso da alcunha também deixava no ar a ideia de que
Casillas beneficiava, de alguma forma, de protecção divina. Essa sorte e uma
vida de privilégio teriam simplesmente caído ao seu colo.
Obviamente,
não acho que tenha sido assim. Parte da sua grandeza – e sim, considero
Casillas um dos melhores guarda-redes de todos os tempos, mesmo não sendo
particularmente famoso no jogo aéreo ou com os pés – é que ele escolhe fazer as
coisas acontecerem. É ele quem escolhe o seu trajecto (como ingressar no FC
Porto, quando tinha contrato por mais dois anos com o Real Madrid, de quem
continuaria a ser, certamente, capitão de equipa), o seu carácter, a sua forma
de ser, o seu estilo de guarda-redes ou a forma como mantém as suas relações pessoais
– para o bem e para o mal.
Os
seus momentos mais importantes ocorreram sempre em duelos individuais, fosse em
lances de bola corrida ou em desempates por grandes penalidades. Toda a gente
se lembra da final do Mundial 2010, em que negou por duas vezes o golo perante
um isolado Arjen Robben, jogador que, no entanto, quatro anos depois, no
Brasil, fez praticamente o que quis do guarda-redes espanhol, naquela que foi a
pior noite da sua carreira futebolística.
E é principalmente naqueles momentos
em que as responsabilidades recaem sobre os seus ombros que Casillas mais
brilha. É alguém que toma decisões acertadas em fracções de segundo, pouco
preocupado por ter os olhos do Mundo sobre si, alguém que assume
responsabilidades. Tanto dentro como fora dos relvados.
Portanto,
quando chegou à altura do desempate por grandes penalidades na meia-final do
EURO 2008 entre a Espanha e a sua "bête noire" Itália, Casillas não
quis quaisquer conselhos ou verificar dados estatísticos relativamente aos
potenciais marcadores italianos. Disse ao treinador de guarda-redes José Manuel
Otxotorena que iria seguir os seus instintos e que queria ficar sozinho com os
seus pensamentos e sexto sentido.
Casillas
foi à procura do sucesso e repetidamente o foi conseguindo. Durante as suas
três conquistas da UEFA Champions League sofreu apenas um golo (o de Diego
Godín, na final de 2014, em Lisboa, frente ao Atlético Madrid, no qual teve uma
saída dos postes para tentar interceptar o cruzamento que o deixou a
meio-caminho e a socar o vazio). No entanto, o erro de Casillas foi emendado no
último minuto pelo amigo Sergio Ramos e quase sublimado no prolongamento com os
golos de Gareth Bale, Marcelo e Cristiano Ronaldo. "Eu queria que, naquele
momento, o relvado se abrisse e me engolisse", confessou o capitão do Real
Madrid no final do encontro.
Enquanto
todos se lembram desse erro garrafal de Casillas por ter sido no encontro que
foi, assim como pela prestação sofrível, meses depois, com a Holanda, durante o
Mundial 2014, poucos se recordam que se
trata do guardião com mais jogos disputados ao serviço de uma selecção e que é
guarda-redes que mais vezes manteve as suas redes invioladas em encontros pelo
seu país.
Ninguém
se parece dar conta que, nas últimas seis temporadas na UEFA Champions League,
só Manuel Neuer manteve a sua baliza inviolada mais vezes que Casillas
(precisamente só mais uma). Trata-se de um registo absolutamente fenomenal, uma
vez que o Real Madrid não é propriamente conhecido pela sua impermeabilidade
defensiva.
Nenhum
destes factos "aconteceu" a Casillas. Antes foi ele quem os fez
acontecer. Há muito que Casillas decidiu pretender ser ele próprio e, em abono
da verdade, nunca foi um "pé de microfone" ou um "pau
mandado" de alguém de dentro do clube, fosse ele treinador, dirigente ou
mesmo o presidente. Sempre disse ao longo dos anos que preferia ser recordado
antes como "um homem decente" do que como "um grande
guarda-redes", tema que voltou a repetir no domingo, quando se apresentou
sozinho perante os jornalistas.
Portanto,
quando chegou a altura, como capitão do Real Madrid e da selecção de Espanha,
Casillas sentiu ser chegada a hora de manifestar-se contra a "política de
terra queimada" protagonizada por Mourinho que visava desestabilizar o
Barcelona de Josep Guardiola. As guerras do "El Clásico" alimentadas
pelo treinador português haviam atingido níveis de elevada perversidade e
ameaçavam acabar com a harmonia existente na selecção espanhola, a poucos meses
da tentativa de revalidação do título europeu em 2012, o que, como se sabe, até
veio a acontecer.
O
mais fácil seria, como alguns fizeram, apenas defenderem as posições daqueles
para os quais trabalhavam diariamente. Mas Casillas nunca escolhe o caminho
mais fácil, como ficou demonstrado com a saída para o FC Porto. Após a batalha
que foi a Supertaça espanhola de 2011, foi ele que, como capitão de Espanha,
ouviu o aviso do seleccionador Del Bosque, que alertava para que o problema
fosse resolvido pelos próprios jogadores antes que ele próprio o resolvesse de
forma inequívoca.
Casillas
telefonou a Xavi e a Carles Puyol, não para pedir desculpa pelo que a
animosidade de Mourinho trouxe ao "Clássico", mas para dizer que
aquilo "tinha que acabar. Há que assumir mutuamente as responsabilidades.
Independentemente das divergências entre clubes, temos um Campeonato da Europa
para ganhar no próximo Verão". Assumiu uma posição difícil,
auto-sacrificando-se em prol do seu país.
Mourinho,
claro está, não aprovou e, à primeira ocasião, tratou de retirar-lhe a
titularidade, lançando uma campanha na imprensa que visava desacreditar o
capitão da sua própria equipa. Em Dezembro de 2012, concedeu mesmo a baliza a
Antonio Adán, que acabou, sem surpresa, por comprometer quando foi chamado a
defender a baliza do Real Madrid, e teve que esperar até ao início da temporada
seguinte para poder voltar a retirar a titularidade a Casillas.
Pouco
depois, Casillas lesionou-se e teve a maior paragem competitiva da sua
carreira. Há quem diga que, desde então, nunca mais foi o guarda-redes
autoritário e fiável que garantia vitórias. E sim, é verdade que não mais
regressou a níveis próximos do apogeu da sua carreira. Mais ainda no que toca à
selecção espanhola do que ao Real Madrid, o seu declínio nos últimos dois anos tem
sido evidente. Mas, de repente, Casillas deu-se conta que o seu treinador mais
lhe parecia um inimigo do que o seu técnico.
Casillas
confessou que se sentiu "isolado, como se tivesse a peste" e
manifestou o seu choque por, de repente, começarem a surgir vários artigos de opinião
nos quais o tratavam por "traidor" e como "o bufo do
balneário".
Convém
referir que, na única época do consulado de Mourinho em que o Real Madrid nada
ganhou foi na temporada em que Casillas, primeiro, perdeu a titularidade e,
depois, se lesionou. Também não deixa de ser curioso que, na primeira época de
Carlo Ancelotti como técnico dos "merengues", na qual lhe permitiram
jogar "apenas" na UEFA Champions League e Taça do Rei, o Real Madrid
venceu ambas as provas nas quais contou com Casillas como titular, mas perdeu a
Liga na qual foi suplente de Diego López.
Durante
a fase mais tumultuosa da sua vida, tanto desportiva como pessoal, Casillas
também bateu um recorde para jogos sem sofrer golos tanto na Taça do Rei como
na Champions League. Após a opção de Mourinho de lhe retirar o estatuto de
indiscutível, Casillas ainda conquistou mais quatro troféus pelo Real Madrid,
tendo mantido as redes invioladas em duas dessas finais. Mas, ao passo que as
escolhas de Mourinho foram efectuadas pelas piores razões, criaram amarguras
desnecessárias e, em última análise, se revelaram desacertadas, foi
precisamente a mesma essência das escolhas pessoais e profissionais de Casillas
que acrescentaram razões às do seu treinador para que este lhe virasse as
costas.
O
guarda-redes de 34 anos é um futebolista "muito particular". É alguém
que parece ter atitudes mais próprias de tempos idos. Aqueles que beneficiam do
seu talento aceitam que Casillas faz as coisas à sua maneira. Ele escolherá,
por vezes, envolver-se na sua própria bolha e ficar apenas com os seus
pensamentos – depositará inteira confiança nas suas próprias capacidades e
instintos, mais do que nas técnicas e metodologias modernas do treino.
Isto
significa que, com esta forma de ser, quando as coisas não lhe correm de feição
e numa altura em que é cada vez mais necessário combater a idade com o mesmo
empenho com que se luta frente a adversários e inimigos, Casillas tem pouco
onde e em quem se apoiar. Nos tempos de hoje, o futebolista que abraça as
formas de pensar e tecnologias mais modernas, que se adapte melhor e que se der
conta que "as coisas não serão sempre da forma como são actualmente"
será aquele que melhor lidará com os momentos menos bons. No entanto, conforme
Paul Anka escreveu para a canção eternizada por Frank Sinatra, Casillas faz as
coisas "à sua maneira".
E
isto é, sem dúvida, algo que sempre fez confusão a Mourinho, Ancelotti e aos
respectivos treinadores de guarda-redes, Silvino e Villiam Vecchi, respectivamente.
Já Vicente Del Bosque, talvez por conhecer Casillas desde muito jovem, lida com
as suas idiossincrasias e aproveita esse conhecimento mais aprofundado para
extrair o melhor rendimento do guardião, sendo que o último Mundial (mais
concretamente os jogos com a Holanda e Chile) constituiu a excepção a uma regra
de sucesso.
Outra coisa que não foi muito bem recebida por Mourinho foi a visão
que Casillas tinha da capitania do Real Madrid. O guarda-redes considerava que discutir (discutir, contrariar e, por
vezes, mesmo lutar verbalmente) com Mourinho fazia parte das funções do cargo
que ocupava, uma vez fazê-lo, em seu entender, para bem da equipa e do clube.
Isso era Casillas a agir e não a deixar as coisas acontecerem por si. E se isso
perturbou(-o) e erodiu o seu próprio estatuto no seio do clube e dos seus
adeptos, ao ponto de as suas decisões levarem a que alguns ficassem contra si, tanto
melhor. Tenho dúvidas que Casillas se tenha arrependido das suas decisões ou
que não voltasse a fazer tudo de novo, caso tivesse que reiniciar a carreira.
Casillas
disse, ainda no final de Maio, que não conseguia "conceber-se noutro clube
na próxima época". Disse também que acolheria de braços abertos o novo
treinador do Real Madrid, Rafa Benítez, e que encararia de bom-grado ter de
discutir a baliza do clube com David De Gea, caso este fosse contratado ao
Manchester United, para além de ter recordado todos que não havia qualquer
cláusula no seu contrato que dissesse que tinha de ser o titular do Real
Madrid.
Casillas
pensava e queria ficar no clube que o acolhia há 25 anos. No entanto, foi
sentindo cada vez mais resistência à sua continuidade da parte, entre outras
pessoas, do presidente do clube, Florentino Pérez. Ao mesmo tempo, o homólogo
do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, incentivado pelo treinador Julen
Lopetegui, com quem já trabalhara nas camadas jovens do Real Madrid, fizeram-no
sentir-se mais desejado no Porto do que actualmente na capital espanhola,
apresentando uma proposta concreta aos "merengues" e garantindo ao
guarda-redes um estatuto à prova de bala enquanto trabalhasse para os azuis e brancos.
E,
apesar de os seus pais (com quem está de relações cortadas desde que lhes tirou
o controlo da empresa que haviam criado consigo para gerir os seus
investimentos) não lhe terem feito quaisquer favores - ao criticarem fortemente
Florentino num dos mais importantes jornais espanhóis, ao mesmo tempo que
consideraram o FC Porto como uma opção de "Segunda [divisão] B" para
o seu filho continuar a carreira e alertaram para que o seu filho "não
terminasse na 'bancarrota', como Vítor Baía" [atitude que levou Casillas a
pedir desculpas directamente ao antigo guardião do FC Porto, um dos seus ídolos
de infância], é claro que Casillas se sentiu forçado a sair do clube da sua
vida.
Tal
como Del Bosque, Fernando Hierro, Fernando Morientes ou Raúl antes de si, a
saída de Casillas foi somente mais uma de uma lenda do clube alvo das purgas
típicas de Florentino Pérez, pese embora a ideia que este quis fazer passar a
quando da conferência conjunta de despedida convocada à pressa, de que fora
Casillas a pedir para sair, instando os "merengues" a aceitarem a
proposta do FC Porto e a pagarem a diferença que restava do seu contrato para
os valores propostos pelos portistas.
Não
havia qualquer obrigatoriedade da parte do Real Madrid em garantir-lhe a
permanência no plantel. O clube estava no seu pleno direito de reestruturar o
plantel e planear um futuro sem o guardião de 34 anos. É uma das lendas vivas
do Real Madrid, mas não tinha automaticamente que fazer parte do futuro do
clube, tanto a curto como a médio prazo.
Mas
onde o Real Madrid falhou foi no seu tratamento com o jogador desde os últimos
dias de 2012. Tem havido uma falta de classe, de respeito e de reconhecimento
por aquilo que fez pelo clube e que nem a cerimónia de despedida arranjada à
pressa no último dia conseguiu fazer disfarçar.
O
desporto (e o futebol em especial) está cheio de situações assim. E, apesar de
o tempo de Casillas no clube que ajudou a tornar ainda maior do que era
estivesse mais próximo do seu final do que o desejado pelos seus apoiantes, haveria,
certamente, uma forma mais graciosa para o final de uma relação de 25 anos.
Mas, tal como aconteceu com casos anteriores, o Real Madrid não entendeu desse
modo ou não quis que assim fosse.
Jordi
Alba, lateral-esquerdo do Barcelona e companheiro de Casillas na selecção
espanhola, disse, por exemplo, que o seu clube jamais se despediria de Casillas
da forma como o Real Madrid o fez, citando o exemplo da saída de Xavi para o
Qatar após 24 anos em Camp Nou.
É
irónico que as palavras do comunicado do Real Madrid a anunciar o fim da relação
tenham sido as únicas manifestações de afecto, contextualização, respeito e
reconhecimento daquilo que, com os seus actos, Casillas deu ao melhor clube do
Século XX para a FIFA – mesmo quando já tendo vindo tarde demais.
Pode
ler-se o seguinte numa determinada parte do comunicado oficial:
"…
hoje, o melhor guarda-redes da história do clube e do futebol espanhol parte
para uma nova etapa na sua carreira futebolística. Esta despedida evoca
milhares de sensações e memórias carregadas de esperança, antecipação,
sacrifício, força e triunfo únicas. O Iker tornou o nosso escudo ainda maior.
Ele tem sido o nosso capitão e forjou a sua lenda aqui desde que cá chegou, com
apenas nove anos.
O
nosso clube tem 113 anos e Casillas vestiu a nossa camisola durante 25 desses
anos. Durante esse tempo, tornou-se num dos nossos maiores líderes e ganhou o
respeito, afecto, admiração e o amor dos adeptos. O Iker deixa-nos, mas o seu
legado durará para sempre. A sua atitude e acções nos 725 jogos em que
participou com a nossa camisola iluminarão o caminho daqueles que sonham fazer
parte desta equipa".
Agora,
esperam a Casillas dois anos no FC Porto, onde voltará a estar sob os
holofotes, mas, em boa parte, por ser Iker Casillas, o guarda-redes que
escolheu deixar o maior clube do Mundo para ingressar na "opção de Segunda
B", como disse, de forma algo despeitada, a sua mãe.
Não tendo a grandeza
do Real Madrid, o FC Porto é, apesar de tudo, uma equipa respeitada na Europa,
que luta por todos os troféus em Portugal, país onde tem sido hegemónico nas
últimas décadas e que, mais importante nesta altura para Casillas, o fez
sentir-se desejado. Acaba por ser um Porto de abrigo para quem estava cansado
de passar constantemente por Reais tormentas.