São os outros que estão dentro das quatro linhas. Por opção do treinador, é aqui que todos os restantes se sentam, sempre atentos às incidências do jogo.
quarta-feira, julho 29, 2015
O mais gastador aponta dedo aos gastos dos outros
A menos de duas semanas do arranque de mais uma temporada da Premier League, José Mourinho, deu início aos seus "mind games", visando as equipas adversárias do campeão em título inglês, o seu Chelsea. O treinador português acusou Liverpool, Manchester United e Manchester City de quererem, face ao valor das suas contratações, "comprar o título", quando comparado com a relativamente modesta campanha de aquisições dos "Blues".
No entanto, ontem vieram alguns números a público que deitam por terra o discurso do treinador português. Assim, contas feitas englobando as suas passagens por Chelsea, Inter Milão e Real Madrid, Mourinho é o técnico mais gastador de sempre, tendo, desde 2004, ano em que ingressou na agremiação londrina pela primeira vez, beneficiado de aquisições cujas somas ascendem a 903 milhões de euros.
"Quando o Sr. Abramovich chegou ao clube, o Chelsea, diziam eles, comprava o título", referindo-se a parte dos 1.472 milhões de euros que o multimilionário russo gastou na contratação de jogadores desde que, em 2003, comprou o clube de Stamford Bridge a Ken Bates. "Agora, são eles que estão a comprar o título. Todos eles [referindo-se a Manchester United, Manchester City e Liverpool]. Cabe a nós sermos fortes, combatê-los e, obviamente, tentar e conseguir derrotá-los de novo. Mesmo sem esses grandes investimentos".
A "auto-vitimização" de Mourinho, embora se perceba claramente a intenção, não tem grande adesão junto da opinião pública (nomeadamente, a inglesa), principalmente a partir do momento que alguém recorda que os "Blues" atacarão a nova temporada como campeões em título, depois de, ainda na época passada, terem feito investimentos "menores" em elementos como Cesc Fàbregas (37.6), Diego Costa (45.2) e Juan Cuadrado (38.1) ou, a meio de 2013/14, Nemanja Matic (29.7).
O segundo posicionado da lista dos treinadores que mais dinheiro dos seus clubes aplicaram em contratações é precisamente o sucessor de Mourinho no Real Madrid: Carlo Ancelotti. Somados os preços dos jogadores contratados por "Carletto", durante as suas passagens, não só pelos "merengues", mas, também, por Milan, Chelsea e Paris Saint-Germain, temos que as contratações disponibilizadas ao italiano totalizaram 881 milhões de euros, apenas menos 22 milhões do que aqueles de que beneficiou o português.
Roberto Mancini e Manuel Pellegrini são os treinadores que se seguem na lista. Têm o ponto comum de ambos terem sido campeões com o Manchester City e de ambos terem antecedido Mourinho em dois clubes ("Il Mancio" no Inter Milão, Pellegrini no Real Madrid). O técnico transalpino investiu 667 milhões, ao passo que o chileno (que se mantém nos "citizens") aplicou 645 milhões, divididos por Villarreal, Real Madrid e Málaga, para além do conjunto inglês.
O quinto posto é ocupado por um técnico que passou 26 anos no mesmo clube, tornando essa agremiação, o Manchester United, na maior potência inglesa e uma das mais fortes do planeta: Alex Ferguson. 465 milhões de euros em 26 anos é sensivelmente metade do que Mourinho gastou em somente 11 anos. E diz bem da diferença de paradigma e mentalidade entre os dois. Ferguson contratava pontualmente, uma vez que apostou com mais empenho nos jogadores formados pelo clube, principalmente depois de ter restruturado a rede de observadores e os escalões de formação dos "Red Devils". Mourinho, talvez por lhe exigirem sempre resultados "para ontem", contrata(va) compulsivamente, não se importando muito de vazar os bolsos dos patrões. Assim, contratar Asmir Begovic para colmatar a saída de Petr Cech ou o empréstimo de Radamel Falcao para obstar à saída de Didier Drogba constituem excepções à regra habitual.
Arsène Wenger, há 19 anos no Arsenal, tem números comparáveis aos de Sir Alex: 428 milhões de euros investidos em jogadores. Tanto um como outro acredita(va)m fortemente na formação de futebolistas e tinham, igualmente, bastante jeito para tal.
Josep Guardiola, enquanto treinador do Barcelona e Bayern Munique, beneficiou sempre dos produtos das excepcionais "canteras" dos clubes mencionados, mas, ainda assim, uma vez servir dois dos mais poderosos clubes do Mundo, teve a possibilidade de contar com um lote de futebolistas contratados avaliado em 391 milhões de euros.
Um dos clubes que mais se tem aplicado no mercado de transferências tem sido o Atlético Madrid. O seu treinador, Diego Simeone, é o oitavo posicionado neste "ranking", tendo trabalhado com novos jogadores avaliados num total de 246 milhões de euros, maioritariamente aplicados pêlos "colchoneros", mas também divididos por Racing Avellaneda, Estudiantes, River Plate e San Lorenzo.
A lista é encerrada por Louis van Gaal (que gastou 240 milhões em contratações enquanto treinador do AZ Alkmaar, Bayern e Manchester United) e Jürgen Klopp (181 milhões de euros aplicados em contratações como técnico do Mainz e do Borussia Dortmund).
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